quinta-feira, 18 de junho de 2009

Censura de livros

"A onda de caça a obras literárias disponíveis em bibliotecas escolares chegou ao Paraná. O vereador Jair Brugnago (PSDB), de União da Vitória, na Região Sul do estado, retirou das prateleiras da biblioteca da Escola Estadual São Cristóvão, onde é diretor, duas obras literárias indicadas para alunos de ensino médio. Após considerar o conteúdo dos livros inadequado, Brugnago entrou com ação no Ministério Público do município para pedir que todos os exemplares de Amor à Brasileira – que reúne vários contos, dentre eles um de Dalton Trevisan – e Um Contrato com Deus – e Outras Histórias de Cortiço, do escritor americano Will Eisner, sejam retiradas de todas as escolas da cidade".


Agora me diz, povo amado, o que esse vereadorzinho de m#*da entende sobre livros? Qual é a competência dessa pessoa, que é 'representante do povo', representante dessa democracia fudidinha da silva, para decidir quais livros podem e quais não podem ser lidos? Ah, vai sefudê!!!

1º que ninguém tem o direito de dizer a outra pessoa o que ela não pode ler.

2º os materiais de biblioteca escolar passam por análise super criteriosa antes de ir para as estantes; tudo é bem analisado e selecionado pelo Programa Nacional de Bibliotecas Escolares, do MEC;

3º esse cara é um hipócrita desgraçado e não estamos mais na ditadura militar.

Dutante anos ouvi relatos sobre a censura aos livros, principalmente no auge da ditadura, quando implicavam até com livros de capa vermelha. E agora, depois de tanta luta e sofrimento vem o Sr. Vereador implicar com inofensivos livros escolares. Ah, por favor né.

Outra coisa. A função da escola não é formar robozinhos com gramática e tabuada decorada; é lugar de criar, discutir e informar (by Milanesi - especialmente para Prof. Emília hihi). Nesse sentido, o acervo literário de uma biblioteca escolar tem a função educativa e de lazer. A leitura ajuda a pensar, liberta a mente e isso independente do gênero literário. Eu, por exemplo, sou fã confessa de Sabrina, Bianca, Júlia e pornografia. Não que necessariamente eu tenha aprendido alguma coisa com essas leituras, mas eu me diverti, e só isso já basta. Ao passo que quando leio Hemingway aprendo sobre as minhas verdades. Tá, mas tudo isso só pra dizer que: não importa o que se lê, mas sim o que essa leitura faz com seu cérebro.

Final da novela: a esposa do vereadorzinho de m#*rda é a secretária de educação da cidade [olha só q coisa linda] e também não concorda com a permanência dos livros nas bibliotecas da cidade. Porém, o presidente do Conselho Estadual de Educação se mostrou contário a decisão do vereadorzinho e salientou a proibição de se retirar os materiais da biblioteca, explicando que para a retirada dos itens deve-se primeiro entrar com uma ação no Ministério Público e as obras só seriam retiradas se a Justiça autorizasse. Enquanto isso, os livros não estão nas bibliotecas e foram levados para a promotoria de justiça para serem analisados. Patifaria né. Mas isso é Brasil.

Para saber mais: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/ensino/conteudo.phtml?tl=1&id=896993&tit=Censura-a-livros-chega-ao-Parana

4 comentários:

Roberta disse...

Jair Brugnago, vereador de União da Vitória, foi nesta terça-feira, 16, a Rádio CBN reclamar de um livro, distribuído pelo MEC, chamado “Amor à Brasileira”, destinado aos alunos do ensino médio.

A obra inclui texto de Dalton Trevisan que seria, segundo o vereador, pornográfico. O apresentador Eduardo Correia, que substituía o titular, José Wille, duvidou que houvesse pornografia em Dalton e desafiou o vereador a citá-la.

O vereador inquiriu se era mesmo permitido citar os tais trechos. O radialista disse que a CBN estava sempre aberta a literatura de Dalton Trevisan. O vereador não teve dúvida e citou:

- “Agora sua vadia, chupa o meu c...”, e, na seqüência: “vem aqui e agora chupa com força a minha b...”, e ainda: “enfia a língua no meu c...”

O constrangimento foi tão grande que chamaram os comerciais. O episódio foi hilário. Deve constar das antologias de episódios cômicos do rádio, com direito a ser citado nas faculdades de comunicação como um clássico.

O que é pornografia?
A polêmica sobre o que é pornografia é antiga e complicada. As frases citadas pelo vereador, e reproduzidas neste espaço com pudicos três pontinhos, são de fato pornográficas.

Ou pelo menos seriam assim consideradas se fossem parte, digamos, de um filme erótico. A questão é: como são frases de uma obra de Dalton Trevisan se transformam em grande literatura e podem e devem ser colocadas em livro didático para adolescentes?

O assunto é complexo. Tanto é assim que os apresentadores da CBN ficaram “audivelmente” constrangidos com as citações do vereador. Curioso isso. Não é de bom tom citar trechos do autor na rádio, mas é perfeitamente adequado oferecê-los a estudantes?

É aí que bate o ponto. Nada impede que uma obra literária de alto valor contenha cenas sexuais fortes com práticas eróticas incomuns como a anilíngua (estimulação oral do ânus), que é solicitada por um dos personagens. Mas é adequado fornecer relato dessas práticas a adolescentes que estão, presumivelmente, iniciando sua vida sexual?

Opção
Todos sabem que um adolescente hoje, se quiser, pode ficar mergulhado 24 horas por dia na pornografia mais pesada navegando na internet, sem pagar nada. Só pegando alguns vírus, espécie de gonorréia virtual. Mas temos aí uma questão de opção. O adolescente liga o seu computador e procura sites pornográficos. A escola fornecer material dessa natureza – o que torna seu consumo obrigatório para todos - é questionável.

Mais estranho ainda. O sexo é um tema central da obra de Dalton Trevisan, mas raramente aparece em termos tão crus, como aqueles citados no ar pelo vereador, extraídos da obra distribuída pelo MEC. A impressão que fica é que a obra foi escolhida a dedo (epa!) para integrar a obra do MEC.

Karol disse...

Como se isso fosse um grande absurdo e adolescente nenhum soubesse o que é isso. Ridículos os apresentadores da cnb ficarem 'constrangidos'. Quero saber quando é que o povo vai abrir os olhos e ver que sexo é a coisa mais normal do mundo. Ouve-se tanta patifaria sobre política, crimes, violência e ninguém faz nada e agora querem proibir livros?! Ah, dá licença né.

cris disse...

eu sou contra toda e qualquer tipo de censura. ninguém tem direito de escolher o que o outro vai ler. dalton trevisan é um autor consagrado e se as pessoas se sentem constrangidas ao ouvirem trechos da sua obra em voz alta, elas devem se tratar. para formar leitores é preciso ler de tudo, tudo mesmo. aliás, eu li um post mjuito interessante [depois vou lembrar onde] no qual o autor citava trechos altamente eróticos. alguns - pasmem - da bíblia - e outros de um livro que está em todas as antologias escolares, inclusive sendo cobrado no vestibular: 'o cortiço', de aluizio azevedo. agora vem esse povo aí achando que tá na idade média. no kooooo!!! prontofalei. umf. bjs

Karol disse...

Isso é mesmo um absurdo, mas por incível que parece muita gente apóia super a atitude desse vereadorzinho. Humpf. Tenho ganas de esfolar essas pessoas. Mas tá, os infelizes são eles.

;*

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