A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,Uma mulher passou, com sua mão vaidosaErguendo e balançando a barra alva da saia;
Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.Eu bebia, como um basbaque extravagante,No tempestuoso céu do seu olhar distante,A doçura que encanta e o prazer que assassina.
Brilho... e a noite depois! - Fugitiva beldadeDe um olhar que me fez nascer segunda vez,Não mais te hei de rever senão na eternidade?Longe daquí! tarde demais! nunca talvez!Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!
BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
A uma passante
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