terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Ao som de Chico

Final de noite. Nenhum barulho em minha casa, além da voz triste de Chico Buarque que se repete infinitas vezes no aparelho. Nem meus passos no chão ecoam pelo apartamento. Tudo é mudo, penumbra.
Sigo a andar pelo quarto olhando pela janela, para ver se a vejo chegar. Porém, sei que é impossível dadas as muitas montanhas em nosso caminho. Prossigo em meus delírios noturnos; preciso tê-la pra mim, e não em apenas uma noite, mas durante todos os meus dias.
Conheço, só de imaginar, a maciez de sua pele; conheço a dança lenta dos nossos corpos juntos; conheço o gosto e a intensidade de sua língua quente procurando a minha. No entanto, tudo isso é apenas sonho, ilusão. É apaixonado como eu quero que seja quando for real, quando eu a tiver de frente para mim, ao alcance de minhas mãos, de meus beijos e afagos.
Corro para a porta, sei que ela está chegando. Abro logo, e sem hesitar a recebo com o mais doce e sincero beijo. Deixo que ela invada com seus olhos meu corpo nu, provocando dentro de mim um maremoto de sentimentos, aumentando a vontade de dominá-la e fazê-la minha.
Lentamente a puxo para dentro de mim, prendendo-a em meus braços de modo que ela não fuja de meus olhos, de minhas mãos, de meus beijos e mordidas. Para que não fuja do meu toque, do prazer que quero lhe dar e ter ao seu lado.
Livro-a de suas roupas e a tenho inteira, naquele instante que transformei em infinito. Devoro sua boca com meus beijos mais profundos, para que ela me sinta por inteiro. Beijo seu rosto, desço pelo pescoço, buscando a nuca, as costas... Voltando para seu colo perfumado, seus seios doces delicados acariciados pela ponta da minha língua... minha boca sugando-os ávida..... Tudo dentro de mim se agitando, buscando mais. Eu mordo seus músculos, pernas, coxas, braços, vou conhecendo detalhes da sua anatomia delicada.
Deito-a em minha cama, nossa cama; contemplo-a antes de tomá-la por inteiro de carícias, de beijos de amor. Sinto o tremor do corpo por baixo do meu que implora para ser tomado. Seguro os pulsos e dou vazão ao desejo, não há lugar do seu corpo que não seja meu domínio, que não possa tocar. As unhas cravam minha pele quando lhe toco mais fundo, sentindo seu sexo intumescido e molhado, vibrando de desejo, que procuro saciar e fazer aumentar, assim como o meu que reclama por suas carícias. Toco e afasto, provoco... Tenho em minha boca o seu gosto, seu segredo mais íntimo... a flor selvagem que beijo, mordo de leve e abandono para que me peça mais...De volta aos seus beijos, olhando sempre em seus olhos estou dentro de você e te sinto doce, entregue, apenas minha... E assim te possuo, sou possuída. Me mostro e te descubro, nos embriagamos com doce lascívia e sem pudores faço-a minha mulher, e passo a ser tua, e então, todas as preocupações desaparecem perante todas as promessas não dita de que ficarás aqui.
Foi o começo e o fim. Tudo porque as pessoas são forjadas no medo.

Um comentário:

Nayana disse...

Rá. Tinha que ser ao som de Chico, né?

e 'x-files' foi genial.

=*

O voo

N os conhecíamos há anos, mas a sinapse do desejo nasceu naquele encontro incidental num voo de volta para o Rio. Era fato que eu não ditava...