terça-feira, 10 de julho de 2012

A interpretação dos sonhos

Afora meus sonhos e pesadelos de sempre, de uns tempos para cá estou sonhando seguidas vezes com o meu pai. Saudades da voz dele e de sua presença tranquila, segura e calma mesmo há 1400 km de distância. Essa noite sonhei que estávamos todos em uma praia com extensa faixa de areia branca. Ele estava lá, junto com a mãe, o irmão (Davi ainda pequeno)  e a Zê. Do nada chegou um senhor com cavalos e eu montei num árabe lindo, bem negro. Sai galopando pela praia feliz como nunca, sentindo o sol na pele, nos cabelos soltos e a sincronia do galope rápido. Tempos depois fiz o caminho de volta, correndo desta vez, com uma felicidade tão grande explodindo em mim; eu via todos me olhando e sorrindo da minha alegria com o passeio no cavalo. Eu sorria feliz de volta e tentava controlar as empinadas do cavalo e neste instante eu começei a voar, ainda segurando as rédeas. E foi o fim do sonho.

Eu amo cavalos, apaixonada desde sempre, acredito. Aprendi  a montar bem pirralha, mas não sei dizer quando; acho que devo ter aprendido com minha mãe, ou com minha avó Esmeralda. Bom, o fato é que não monto já tem um bom tempo e agora que estou em férias morro de vontade de ir para um haras e praticar um pouco. Só quem monta entende a sensação de liberdade infinita que é correr a cavalo; e é tão tranquilo e seguro que se fechar os olhos até pode pensar que está voando. 

E bem, meu pai quase não montava, na verdade ele era desongoçado, um verdadeiro vexame sobre um cavalo, porém sempre incentivou-me a montar, e a cada aniversário meu ele prometia que iria me dar um cavalo, o meu Cavalo de Fogo, claro rssss. 

Bem, as primaveras passaram e eu não tive meu cavalo, e perdi meu pai para uma vida paralela na qual eu não consigo resgatá-lo. Ouvir Lana Del Rey faz-me lembrar dele e de todos os finais de semana nos haras em Itaipava, Correias, Três Rios e Nogueiras. Ah Nogueiras, um distritozinho empoeirado em Petrópolis (RJ) que tinha o melhor haras da região. Eu galopava entre imensos eucalíptos e bambuzais, e mesmo agora posso trazer de volta aquele cheiro de eucalípto, poeira e musgos. Eu ficava algumas horas montando enquanto meus pais passeavam e o Davi ainda pequeno seguia carregado num ponei atrás de mim, gritando para andar devagar e esperá-lo... Tanta coisa boa da minha infância e adolescencia e eu acho que nunca agradeci à meus pais a vida maravilhosa que eu tive. 

Talvez esses sonhos contantes com ele e com o passado sejam prova do ditado em que dizem que quanto mais velho ficamos mais nos lembramos da infância. Bem, até pode ser, mas a verdade é que morro de saudades dele, do carinho e amizade sincera. E se em vida está difícil encontrá-lo para dizer isso, então peço somente para continuar a ter esses sonhos bons e felizes, pois a saudade é a prova de que o amor foi verdadeiro e valeu a pena.

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O voo

N os conhecíamos há anos, mas a sinapse do desejo nasceu naquele encontro incidental num voo de volta para o Rio. Era fato que eu não ditava...