terça-feira, 10 de janeiro de 2012

So this is goodbye

Quando seu número apareceu no display do celular eu já previa que logo mais a noite você bateria na minha porta. E assim seria a segunda vez dentro do mesmo mesmo mês em que eu engoliria o orgulho e passaria por cima de qualquer auto-respeito que ainda restasse em mim para satisfazer meu corpo na insana necessidade do seu desgraçadamente perfeito. Fico com raiva e ao mesmo tempo orgulhosa de ser possuída por você, de poder possuí-la daquela forma louca e devastadora. E por mais que você me leve aos céus quando seu corpo toca o meu, saiba que também me leva ao inferno quanto sai da minha cama e volta para a suas eternas reuniões e intermináveis viagens. Não entendo porque ainda me sujeito aos seus desmandos; ou então porque não consigo ter o mínimo de domínio sobre meus instintos e resistir a sua perversa sedução... No começo da semana planejo em detalhes minha vingança e escolho as palavras exatas para recusar seus joguinhos. Resoluta e de queixo erguido, ensaio a medida certa do olhar que vou lançar quando eu disser que não quero vê-la nunca mais e que eu nunca fui apaixonada por você. Enquanto coloco o batom, juro sinceramente que vou esquecer dos seus lábios, da sua língua macia e que a partir de hoje, nunca mais, que você me ouça bem, vai conseguir me tocar e deixar-me louca com os beijos que só você consegue dar. A partir de hoje, meu bem, você pode voltar para sua vida sem graça e deixar-me em paz - eu digo já sentindo os calafrios que essa recusa provoca em mim. E colocando a bolsa no braço jogo a franja de lado e sigo reta, redondamente enganada a respeito do real desfecho desta noite. Mas eu gosto de pensar que posso dispensar você a hora em que eu quiser, e isso talvez por saber que a terei em meus braços de uma maneira ou de outra, e quem sabe a vida inteira.

Música da tarde:  Porcelain [Moby]

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O voo

N os conhecíamos há anos, mas a sinapse do desejo nasceu naquele encontro incidental num voo de volta para o Rio. Era fato que eu não ditava...