sábado, 16 de fevereiro de 2008

Madrugada

Fiquei olhando a rua lá fora pensando no seu cabelo, na sua boca, na sua pele clara, nos seus olhos, no cheiro que teu corpo deve ter e tive vontade de sair no meio da rua, debaixo daquela chuva e te ligar. Eu sei que está acordada. Sei, pois teu corpo não te deixa dormir, e ele não sossega, não é mesmo? O meu também não, e ele procura por você.
Fosse outra madrugada eu enchia a cara de vinho barato e voltava pra cama. Mas hoje não. Hoje quero ouvir tua voz. Hoje eu quero estar consciente e sentir a madrugada me invadir. Vou enfiar meu dedo em mim até sentir meu corpo explodir. Com Bach tocando alto vou me perder entre tuas pernas e saborear teus sabores. Essa noite vou te trazer pra mim e espantar a tua tristeza. E a madrugada voyeur de sempre vai se sentar na primeira fila, vai apertar suas pernas cruzadas e gozar calada. Desta vez seremos nós a atração principal, desta vez serão nossos gemidos a perturbar. E nessa noite sem sono a madrugada virá lamber nossos dedos melados...

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O voo

N os conhecíamos há anos, mas a sinapse do desejo nasceu naquele encontro incidental num voo de volta para o Rio. Era fato que eu não ditava...