sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A little bit crazy

A melodia dos demônios foi mais alta. Não resisti. Fui lá e escrevi.

Ah sim, meu lugar na danação do fogo eterno já está reservado.
Se bem que já estou ardendo por aqui mesmo... (ouvindo Beethoven, é claro)
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Uma coisinha só:
Escrevo desde que era bem pequena, uma menina. Minha vida sempre foi partilhada por descrições, diálogos, palavras, enredos - mas, coisa curiosa, nada foi jamais para o papel. Sempre escrevi apenas para mim, em pensamento. Longas histórias delineadas, cuidadosas palavras escolhidas, frases garimpadas com zelo, que a mim e só a mim se destinavam. Sem que o impulso chegasse jamais às mãos, sem a interferência de canetas, lápis, máquinas. Livros éteros, feitos de sonhos que voavam livres, sem as amarras dos grafismos que os prendesem à terra firme do papel. Palavras, frases, histórias que eu podia escrever e reescrever a vontade, sem apagar ou rasgar, que só eu guardava, que só a mim pertenciam, que eram fruto e testemunha de minha solidão [...] Foi você a causa da grande transformação. Você, o belo desconhecido de olhos azuis que tomou toda minha vida e um dia, sem aviso, desapareceu. Você, sua chegada e sua ausência foram os artícifes da mudança.
SEIXAS, Heloisa. Pente de vênus: histórias do amor assombrado. Porto Alegre, Sulina, 1995.

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O voo

N os conhecíamos há anos, mas a sinapse do desejo nasceu naquele encontro incidental num voo de volta para o Rio. Era fato que eu não ditava...