sábado, 29 de setembro de 2012

Entre um parágrafo e outro

23:53h

Eu já estava na cama fazia algum tempo, com a atenção voltada às crônicas irônicas de Nelson Rodrigues, quando o celular tocou e era você. Li e reli teu nome no visor e considerei por alguns segundos, que mais pareceram horas, se a atenderia após o fracasso do nosso encontro.

Eu atendi.

E você estava com a voz doce, lamentando os desencontros desta noite e a vida pouco-útil da bateria dos nossos infalíveis iphones. Foi logo falando que pensou em mim (como se o fato de pensar pudesse superar o desencanto do abraço murcho na despedida de ontem); disse ainda que queria me dizer uma coisa: queria me dar um beijo. E sem querer, nesta hora trai a mim mesma com um suspiro quente e excitado, desejosa por sentir teu hálito no meu, tua boca tocando a minha e meus braços ao teu redor. 
Novamente a droga da bateria do teu telefone te leva para longe de mim. Respondo-te apressada "ficarei queimando aqui".
E agora, como posso voltar tranquila para minha leitura e não arder nas intrigas Rodrigueanas, ante cada caso de paixão delinquente, submissa e imoral que tua fantasia me provoca?


Um comentário:

Anônimo disse...
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