domingo, 27 de fevereiro de 2011

[no title]

E esse era o espaço que eu poderia utilizar para exorcizar meus medos, discutir minhas dúvidas, explanar dores caras ao meu coração. Mas só nesse final de semana eu bebi diversos vinhos diferentes, todos com notas dispersantes das uvas mais requintadas. E eu liguei para o meu pai, cheia de uma falsa coragem que me fez tremer dos pés à cabeça. Ele disse que estava bem e desligou o telefone. Cachorro. E eu, mais uma vez, a idiota. Sim, caríssimos, a idiota por confessar sentimentos tão íntimos que eu aposto que você não conta nem ao seu travesseiro.


Eu cansei de ser covarde e de não dizer às pessoas o que sinto por elas, o que me move a falar e conviver com elas todos os dias. E já que eu não sou tão feliz quanto acho que poderia/deveria, porque não fazer o bem aos outros. E eu não sei se a manifestação do meu amor e do meu carinho fará alguém melhor, mas eu tento. Ao menos eu gostaria de receber um afeto sincero, um carinho cujo único interesse fosse me deixar mais feliz, sem cobranças.


E após três finais de semana consecutivos em Curitiba, eu já me sinto curitiboca. Uma curitiboca tão feliz quanto todos os outros que se furtam de abraços e carinhos sinceros e preferem o rigososo inverno para transmitir seu afeito em cafés fervilhantes em intermináveis tarde de conversas, onde, como diria o Caio F, fala-se tudo menos o essencial, o verdadeiro.



Mas o que você não sabe é que eu bebi a semana inteira, cada dia uma bebida diferente, e cada dia uma dose a mais do que deveria. Exceto na quinta-feira, que tive reunião de trabalho e depois chopp com as amigas [amei tudo]. Então, todos os outros dias foram de excesso. E por mais que você não acredite, não fiquei bêbada um dia, ou melhor, noite sequer. Mais parecia que tomava água mineral de tão consciente, racional, sóbria. E daí eu me pergunto o porquê do efeito marejante e pacificador do álcool não estar mais fazendo efeito. Vai ver que já estou batizada.... bem, sei lá. Mas o que eu percebi disso tudo é que não adianta para onde eu corra, álcool, academia, enfiar a cara no trabalho, escrever até altas horas... tudo me leva a pensar no meu pai, na Alice, na minha mãe, na distância idiota que me separa da minha namorada, dos meus amigos mais fiéis [fiéis ainda tem acento?]. Eu ainda não encontrei uma pedra para me segurar que me livre da dor de pensar nessas pessoas e de sentir tanto a falta delas. E meu juízo me avisa que eu nem deveria estar escrevendo isso e me expondo tanto, mas droga, eu preciso desabafar e sei que não adianta contar isso pra ninguém, porque minhas dores consistem em coisas tão abstratas que ninguém merece ouvir, ou ao menos ouvir sóbrio...


Arctic Monkeys tocando alto dentro de casa e eu nem ouço direito. Onde estão meus óculos? Dor de barriga chata o dia todo nem me deixou sair de casa para tomar um café com as amigas ou ir correr. Queijo gouda, cerveja, espumante no gargalo, chocolate branco e esperar pelo Oscar mais tarde. Meu Deus, quando foi que eu me perdi novamente?

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