sábado, 24 de janeiro de 2009

The last time


Com todo direito ela marca meu corpo com suas unhas finas. Ela diz que sou sua propriedade. Os cortes são as tramas do desejo desenfreado, é sua assinatura vermelha na minha carne. É a última vez, ela diz enquanto as mãos suaves e apressadas abrem meu sutiã. Deixo que ela tire minha roupa e finjo acreditar ser a última vez, da mesma forma como acreditei desde a primeira vez há quatro semanas atrás.
Sua boca com batom vermelho toca a minha com carinho e correspondo sem pressa, percorrendo com a língua tesa a sua língua macia com gosto bala doce. E nesse beijo feminino que é forte e delicado, as bocas buscam aplacar a sede da alma, expiar a distância de uma semana que se perdeu em engarrafamentos e complicações burocráticas. E a força desse beijo cada vez mais sentido na liquidez de cada mucosa, que se esvai na língua, na garganta úmida, no corpo teso como cordas de um violino que toca o embalo do desejo que se avizinha. Deito na cama e ela monta sobre meu sexo, fica parada até que sente a última barreira em mim cair com a visão de seus cabelos que quase recobrem seus seios .brancos e firmes. Olhando-me fixamente ela deita sobre o meu corpo, achando graça por ver-me subjulgada diante de sua beleza. Sim, ela é bela e sabe que com aquele sorriso dificilmente eu recusaria obedecer seus mandos. Dona absoluta do que há em mim ela se transforma em ninfa e suga meus seios como um bebê faminto; desce pela barriga apertando, me arranhando, beijando e mordendo, abrindo minhas pernas com mãos firmes e verificando com os lábios o resultando do seu poderio em mim. Derreto-me em sua língua afiada e me refaço com suas mordidas doces; morro em orgasmos os quais não consigo controlar empurrando sua cabeça de cabelos loiros mais para dentro de mim. Em quantas tardes assim já tive esse mesmo tipo de morte e renasci? Quantas outras também a matei de tanto amar todos os recantos e reentranças daquele corpo liso, macio? Difícil concluir o pensamento quando vejo que minhas mãos estimulam seu sexo liso e sem pêlos. Ela se retorce e sussura de olhos fechados, manda que a devore como se não houvesse amanhã, e assim obedeço penetrando-lhe a carne rosada com meus dedos enquanto ela força sua coxa em meu sexo. Nossos movimentos ferozes, a respiração entrecortada e o corpo unido em movimentos ondulatórios, como parceiras de uma dança que chega ao fim no momento em que o prazer explode com força suficiente para destruir as fortalezas éticas entre nós.
Agora faz quase uma hora que ela se foi. A cama ainda está bagunçada e o quarto cheio do perfume dela. Eu não sei quando vamos nos ver de novo, ela sempre diz é a última vez, até que sem querer nos encontramos por aí e ela me leva para sua casa ou vem até meu apartamento. Às vezes eu não acredito sabe, ela uma mulher linda, madura, misteriosa e eu ainda uma acadêmica na graduação, gordinha e tal. Não sei o que ela vê em mim. Pode até ser pelo sexo, que é ótimo, mas nunca é SÓ sexo. Tem sempre uma coisa maior em cada encontro, em cada beijo, em cada marca que ela me deixa. Por hoje, só por essa noite, vou fazer o que eu nunca faço e vou alimentar a ilusão de algum dia ela não vá embora e quando eu acordar ela ainda esteja ao meu lado.

Um comentário:

Wise-Boy disse...

Arrazouuuuuuuuu no post. amei, aqui o perfume dele permanece na minha lingua.

O voo

N os conhecíamos há anos, mas a sinapse do desejo nasceu naquele encontro incidental num voo de volta para o Rio. Era fato que eu não ditava...